Não
é considerável o número de colegas que desandam para esses caminhos
sinistros, mas o estrago na imagem de toda a classe é imenso.
Por Lucélia Lecheta
Observo
com muita tristeza a citação de colegas em listas de acusados das
operações da Polícia Federal, algumas em conjunto com o Ministério
Público e a Receita Federal, todas organizadas para desbaratar
quadrilhas das mais diversas espécies de crimes.
Desde
que a PF começou com essas investigações, batizadas com nomes curiosos
como Arca de Noé, Big Brother, Galácticos, Xeque-Mate, Hurricane,
Navalha, Banco Imobiliário,
Castelo de Areia, De volta para Pasárgada, Pinóquio, Geleira, Rapina,
Estivas, Onça Preta, entre outras, é raro uma não revelar o nome de um
profissional da contabilidade envolvido.
A
mais recente, objeto de ruidosa Comissão Parlamentar de Inquérito em
andamento no Congresso, é a Monte Carlo, que aponta grande número de
suspeitos, liderados por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e
peixes grandes do porte do senador Demóstenes Torres. Os indiciados são
acusados de lavagem de dinheiro,
falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, violação de sigilo
profissional, evasão de divisas e contravenção penal por exploração de
jogos de azar. Considerado figura chave para desvendar os negócios
sombrios, em particular repasses comprometedores a autoridades, é o
contador Giovani Pereira da Silva, cuja foto foi divulgada na internet
na relação de Procurados.
Mais
grave ainda é quando contabilista ou gente que assim se apresenta usa a
profissão para empreender negócios marginais, como revelou a Operação
Ferrugem, denunciando fraude em declarações do Imposto de Renda da
Pessoa Física (IRPF), o uso de recibos falsos para forjar gordas
restituições junto à Receita Federal, em crimes contra a ordem
tributária, de falsidade ideológica e falsificação de documentos.
Não
é considerável o número de colegas que desandam para esses caminhos
sinistros, mas o estrago na imagem de toda a classe é imenso.
Aplausos,
portanto, ao trabalho da Polícia Federal, Ministério Público e Receita
Federal. O Conselho Federal de Contabilidade e os regionais participam
desse esforço de retidão legal e moral, fazendo a sua parte, submetendo à
legislação profissional todos os contabilistas citados nessas ações. Há
processos tramitando em vários estados. No caso da “Operação
Ferrugem”, no Paraná, se os acusados forem efetivamente da área
contábil, além da punição da Justiça comum, o CRCPR poderá impor multa,
advertência, censura, suspensão e até a cassação do registro
profissional.
A
missão do CRC é assegurar à sociedade serviços contábeis de qualidade,
valorizando os bons profissionais e banindo aqueles que denigrem a
profissão. Somente nos últimos quatro anos, nosso Conselho emitiu mais
de quatro mil autos para infrações diversas, julgando mais de 1.400
processos ético-disciplinares.
Desde
a criação em 1946, os conselhos de contabilidade passaram a representar
uma força moral, apontando aos profissionais o rumo da valorização: o
trabalho com zelo, ética, a educação contínua e a participação
responsável na vida social.
Esse
ideal nos tem motivado a atuar preventivamente. Acabamos de lançar, no
Paraná, o programa Primeiros Passos, um conjunto de iniciativas
direcionadas exclusivamente aos estudantes de contábeis e profissionais
em início de carreira, enfatizando justamente questões que fazem diferença na postura profissional. Nosso propósito é corrigir o mal pela raiz.
Lucélia Lecheta é presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná,
Fonte: http://www.portalluciayoung.com.br via http://blogdosped.blogspot.com.br/2012/05/mundo-contabil-as-operacoes-da-pf-e-os.html
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